quarta-feira, 31 de março de 2010

terça-feira, 30 de março de 2010

Ir a Marte e voltar: tão real quanto possível

Redação do Site Inovação Tecnológica - 29/03/2010

Ir a Marte e voltar: tão real quanto possível
Vista superior do ambiente onde os astronautas ficarão isolados durante 520 dias, incluindo 30 dias de exploração da superfície marciana.[Imagem: ESA/S. Corvaja]

Missão simulada a Marte

Uma tripulação de seis pessoas começará em breve uma missão simulada a Marte, em instalações que incluem uma nave interplanetária, um módulo para descida até a superfície do planeta e até a paisagem de Marte.

O objetivo da experiência é simular uma missão completa de ida e volta a Marte, com o maior rigor possível. Os psicólogos a consideram o derradeiro teste da resistência humana.

Em 2009, as mesmas instalações foram utilizadas para uma "simulação de aquecimento", que durou 105 dias.

Viagem a Marte

Agora a Mars500 será uma simulação daquilo que seria uma viagem real a Marte, considerado o nível atual da tecnologia.

Apesar do nome do experimento, serão na verdade 520 dias de missão simulada - 250 dias para a viagem a Marte, 30 dias na superfície e 240 dias para a viagem de regresso.

A equipe de "astronautas" é formada por um belga, dois franceses, um ítalo-colombiano, três russos e um chinês. As instalações de isolamento ficam em Moscou, na Rússia.

O teste de 520 dias de isolamento é a última e a principal fase da experiência Mars500, que começou em 2007. A primeira fase, em Novembro daquele ano foi uma simulação de 14 dias que serviu para testar, essencialmente, as instalações e os procedimentos operacionais. A segunda fase aconteceu em 2009, quando uma tripulação de quatro russos e dois europeus ficaram fechados nas instalações durante 105 dias.

BBB espacial

Durante o experimento, a tripulação ficará hermeticamente isolada num espaço confinado com consumo limitado de alimentos e água e comunicações exclusivamente via Internet, interrompida ocasionalmente e com um atraso de 20 minutos, como aconteceria numa missão real a Marte, por causa da distância entre a nave e a Terra.

Ir a Marte e voltar: tão real quanto possível
A roupa espacial para uso durante a simulação foi fabricada a partir de um traje usado pelos astronautas da Estação Espacial Internacional, com modificações para ser funcional na gravidade terrestre. [Imagem: ESA/S. Corvaja]

A tripulação será monitorada continuamente e os seus parâmetros psicológicos, médicos e físicos serão medidos e gravados durante toda a missão. Durante as operações na superfície do planeta, ao fim dos primeiros 250 dias, a tripulação será dividida ao meio, três indo para o simulador da superfície marciana e os outros três permanecendo na nave.

Comida de astronauta

A tripulação será fechada no simulador já com toda a comida necessária para todo o experimento, tendo que controlar o consumo rigorosamente.

A dieta será semelhante à da tripulação da Estação Espacial Internacional.

As tarefas executadas serão comparáveis às dos astronautas em órbita da Terra, incluindo a manutenção das instalações, experiências científicas e exercícios físicos.

Cada membro da tripulação terá sete dias de trabalho, seguidos por dois dias de folga, exceto quando forem simuladas situações de emergência.

Viagem virtual

Esta missão pode não trazer a mesma emoção que um verdadeiro voo espacial, mas certamente não será fácil.

Os primeiros humanos que, no futuro, andarem realmente sobre Marte seguramente irão lembrar-se destes pioneiros, que passarão pelas dificuldades sem desfrutar do prazer de uma viagem real.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Descobertas cinco estrelas em rota de colisão com o Sistema Solar

Ao contrário do Cinturão de Kuiper, que é um anel no mesmo plano orbital dos planetas, a Nuvem de Oort parece ser uma esfera de rochas espaciais, prontas para virarem cometas, ao redor de todo o Sistema Solar.[Imagem: NASA]

Estrela a caminho
Tem uma estrela no nosso caminho. Ou melhor, cinco estrelas. Ou talvez sejamos nós a estarmos bem no caminho delas.
Um grupo de astrônomos russos e finlandeses usou dados do satélite Hipparcos, da Agência Espacial Europeia (ESA), juntamente com registros de diversos telescópios terrestres, para criar um modelo que mostra a trajetória de algumas estrelas vizinhas do Sistema Solar.
E algumas delas parecem decididas a estreitar os laços de vizinhança e nos cumprimentar bem de perto - elas deverão passar raspando pelo Sistema Solar.

Nuvem de Oort
Vadim Bobylev e seus colegas descobriram nada menos do que quatro estrelas até então desconhecidas que deverão passar a meros 9,5 anos-luz da Terra.
A essa distância, as quatro atingirão a chamada Nuvem de Oort, um verdadeiro campo de pedregulhos espaciais que os astrônomos acreditam ser a fonte de todos os cometas que atravessam o Sistema Solar.
Os efeitos gravitacionais desse encontro, e sua influência sobretudo sobre os planetas mais externos, ainda não foram modelados e não podem ser desprezados de antemão.

Estrela em rota de colisão com a Terra
Mas, segundo Bobylev, a maior ameaça virá mesmo é da estrela Gliese 710, uma anã laranja que, apesar de se encontrar hoje a 63 anos-luz da Terra, está chispando pelo espaço em nossa direção a uma velocidade de 14 quilômetros por segundo.
Segundo os astrônomos, seus cálculos indicam que há uma chance de 86% de que a Gliese 710 atravesse a Nuvem de Oort, arremessando milhões de cometas em direção ao Sol - logo, passando necessariamente pela órbita dos planetas, inclusive da Terra.
Estudos anteriores, contudo, revelam que uma saraivada de cometas gerada pela passagem de uma estrela pela Nuvem de Oort terá sobre a Terra o efeito mais de um chuvisco do que de uma tempestade - nosso planeta deverá ser atingido por não mais do que um cometa por ano.
Se serve de consolo, por outro lado basta lembrar que tudo indica que apenas um choque de um meteorito com tamanho suficiente foi capaz de dizimar a vida na Terra na época dos dinossauros.

Chuva de cometas

A Gliese 710 é uma anã laranja que está chispando pelo espaço em nossa direção a uma velocidade de 14 quilômetros por segundo. [Imagem: NASA/Hubble
A Gliese 710 é uma anã laranja que está chispando pelo espaço em nossa direção a uma velocidade de 14 quilômetros por segundo. [Imagem: NASA/Hubble]
Há ainda, segundo os cálculos de Bobylev e seus colegas, uma chance em 10.000 de que a Gliese 710 aproxime-se a menos de 1.000 unidades astronômicas do Sistema Solar - uma unidade astronômica equivale à distância entre a Terra e o Sol.
Se isso de fato acontecer, ela atingirá não apenas a Nuvem de Oort, mas também o Cinturão de Kuiper - uma área repleta de pedregulhos espaciais congelados localizado além da órbita de Netuno - assim como outros grupos de objetos que giram em órbitas entre os dois.
Além de uma chuva de cometas eventualmente mais intensa, essa aproximação certamente afetará a órbita de Netuno, com efeitos sobre os demais planetas que ainda deverão ser objetos de novos estudos.
Pedras espaciais

A boa notícia é que, ao contrário das pedras que encontramos pelo caminho aqui na Terra, as pedras espaciais, ou pelo menos as estrelas, costumam ficar a grandes distâncias, e os tropeções demoram bastante para acontecer.
A mais perigosa das cinco ameaças, a Gliese 710, deverá chegar por aqui dentro de 1,5 milhão de anos.
Bibliografia:Analysis of peculiarities of the stellar velocity field in the solar neighborhoodV. V. Bobylev, A. T. Bajkova, A. A. MyllariAstronomy LettersJanuary, 2010Vol.: 36, p. 27-43DOI: 10.1134/S1063773710010044

sexta-feira, 26 de março de 2010

O sinal Wow e a busca por inteligência extraterrestre

Não é segredo para ninguém que diversos cientistas se dedicam a tentar contato com outras civilizações em outros planetas, mesmo que estejam há muitos anos-luz de distância. Para isso usam poderosos radiotelescópios, que tentam detectar algum sinal "não natural" vindo de algum ponto do espaço. É uma busca ingrata e demorada, que até hoje não apresentou nenhuma prova da existência de inteligência extraterrestre. No entanto, em 1977, um misterioso sinal foi recebido aqui na Terra e é considerado até hoje o único sinal que possa ter sido emitido por uma civilização distante.
Era 15 de agosto de 1977 e como fazia todas as noites, o radio-astrônomo Jerry Ehman analisava os dados captados pelo radiotelescópio Big Ear, ou "Orelhão", da Universidade de Ohio.
Como de costume, a maioria dos sinais captados já eram bem conhecidos do pesquisador e não passavam de emissões provenientes de galáxias e satélites. De repente, um fraco sinal diferente dos demais começou a aumentar gradualmente de intensidade até atingir o pico, decaindo e desaparecendo em seguida. O tempo total de detecção foi de exatos 72 segundos e sua intensidade era tão grande que ultrapassou o limite da escala preparada para as observações.
Pego de surpresa e sem muito tempo para analisar cientificamente o fato, Ehman escreveu ao lado dos códigos que representavam os sinais, na folha impressa pelo computador, a intensidade do evento que acabara de presenciar: “WOW !”
Analisando a posição da antena, conclui-se que as ondas eletromagnéticas detectadas eram provenientes da constelação de Sagitário e tinha a freqüência de 1420.4556 MHz, correspondente à famosa linha de 21 cm do hidrogênio, também chamada de “janela da água” em radioastronomia.
A estrela mais próxima que existe naquela direção está a pelo menos 220 anos-luz de distância. Desse modo, se o sinal partiu mesmo daquela região, foi um evento astronômico de gigantesca potência e que até hoje não foi identificado pelos cientistas.
Sinal DiferenteNo entanto, o que mais intrigou os pesquisadores e tornou o sinal "wow" particularmente interessante, foi o modo como cresceu e diminui de intensidade durante os 72 segundos de duração. Por que?
O radiotelescópio Big Ear não é giratório e sim fixo no solo. Seu movimento de varredura é dado pela própria rotação da Terra e capta os sinais provenientes do espaço através de um feixe de recepção bastante estreito apontado para o infinito. Como em todas as antenas parabólicas ou direcionais, a sensibilidade é maior na região central do feixe, diminuindo nas laterais. Assim, sempre que uma fonte de rádio vinda do espaço cruzava o radiotelescópio, essa aumentava de intensidade quando a rotação da Terra trazia o sinal para o centro do feixe e diminuía logo em seguida.
No caso do Big Ear, a largura desse feixe de recepção era extremamente estreita, com 8 minutos de arco e qualquer sinal que viesse do espaço levava sempre 72 segundos para atravessar o feixe. E foi exatamente isso o que ocorreu naquela noite.
Descartando hipótesesSe o radiotelescópio tivesse sido alvo de algum sinal da Terra a intensidade iria crescer quase que imediatamente e diminuir também de forma abrupta. Por outro lado, se o sinal fosse proveniente de algum satélite terrestre também não apresentaria o intervalo de detecção de exatos 72 segundos.
Alguns poderiam supor que algum engraçadinho quisesse enganar os pesquisadores, simulando uma transmissão clandestina na faixa da linha do hidrogênio, mas dadas as características do sinal essa hipótese também foi descartada. Como explicado, a antena do radiotelescópio é fixa e possui o feixe de recepção extremamente estreito. Para se ter uma idéia, são necessários quase 6 minutos de varredura para cobrir uma região do céu de tamanho angular igual à Lua. Em outras palavras, o engraçadinho teria que ir ao espaço, permanecer imobilizado, ligar seu transmissor e esperar a Terra posicionar a antena do radiotelescópio à sua frente.
Para ser considerado como vindo de um ponto fixo no espaço, o sinal deveria crescer, atingir intensidade máxima e decair conforme a rotação da Terra movimentasse a antena. Além disso, deveria estar na freqüência da linha do hidrogênio, sugerida para tentar contatos extraterrestres. O sinal "WOW" cumpriu todos esses requisitos, caracterizando-o como uma verdadeira emissão vinda de uma fonte fixa do céu, mas de origem desconhecida.
Naquela ocasião, o próprio observatório levantou a hipótese de que o sinal poderia ser o reflexo de uma transmissão terrestre, rebatida em algum satélite geoestacionário, mas nenhum satélite encontrava-se naquela posição do céu no momento do evento.
Pelas razões apresentadas o sinal "Wow" é um forte candidato SETI (Search for Extra-Terrestrial Intelligence) já que ao que tudo indica, veio de fato do céu e não foi causado por interferência humana.
Dois feixes - Um SinalNo entanto, um pequeno detalhe pode afetar o otimismo dos pesquisadores.
O radiotelescópio da Universidade de Ohio utilizava dois feixes para fazer a varredura, ambos situados lado a lado. Qualquer fonte de sinais que viesse do espaço seria captado no primeiro feixe por exatos 72 segundos e 3 minutos depois também seria detectada pelo segundo feixe por 72 segundos, mas isso não aconteceu.
Desde então, diversas experiências foram feitas em diversos comprimentos de ondas, sempre focadas na mesma direção do céu. Receptores mais sensíveis foram utilizados e diversos intervalos de tempo foram escolhidos na tentativa de se captar algum sinal periódico, mas desde 1977 nenhum sinal que chamasse a atenção foi detectado. Até agora, mais de 30 anos depois, não se chegou a uma explicação lógica sobre a origem do famoso sinal WOW.
Por que o HidrogênioTodos sabem que o hidrogênio é o elemento mais abundante do Universo. Sua freqüência natural de emissão é 1420.4556 MHz, também chamada de linha de 21 cm ou “janela da água”. Por ser o elemento em maior quantidade no universo, acredita-se que essa também seja a freqüência mais óbvia para se tentar algum contato com outras civilizações, tanto para transmissão como para recepção de sinais. Em 1977 o sinal WOW foi detectado exatamente nessa freqüência.
Fotos: No topo, anotação do radio astrônomo Jerry Ehman ao lado dos códigos de intensidade do sinal captado em 15 de agosto de 1977. Na seqüência, radiotelescópio Big Ear, no campus da Universidade de Ohio. As antenas originais foram desmontadas em 1998. Crédito: Projeto SETI - Search for Extra-Terrestrial Intelligence.
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